domingo, 10 de abril de 2016

Um momento, um pensamento

   O coração grita, esperneia, rompe com cada músculo que tenta lhe segurar, engata e chega à mão; enquanto a razão calmamente se apresenta, de uma forma lógica e aparentemente inequívoca, como numa equação, mostrando-lhe os riscos de cada pulo. Ir contra aquele nunca pareceu tão fácil, sufocar seus anseios e desejos nunca pareceu tão sensato, mas a dor deste ato revela que há algo de errado nisso. Como ser corajoso e se aventurar por estes caminhos tão tortuosos e traiçoeiros da vida quando carregas contigo um medo intrínseco e tão sensato?
   Tentas construir uma armadura, algo resistente o suficiente que te proteja de toda dor e sofrimento que possam surgir por este labirinto. Mal sabes tu que esta bolha só te impede de viver, de sentir, não há mérito nenhum em ver o tempo passar sem experimentar cada um de seus segundos, viver os momentos que ele traz. A empatia é solitária e vazia, transformas-te num boneco de lata sem coração, fadado a sonhar pelos outros e sentir através de outros olhos, ignorando os teus próprios. E entre os pesadelos da razão, sofres por antecedência. 
   Talvez a loucura seja apenas questão de ser, algo inerente a todos aqueles capazes de sentir, um rio de emoções que escorre pelos olhos quando não cabe mais no coração. Uma sinestesia da alma que se aventura pelo destino, encarando a si mesma no espelho, perdida. Quiseras tu que soubéssemos as receitas deste bolo, mas a imprevisibilidade é só mais uma das regras deste jogo. 

     Afinal, o que é certo? A curiosidade para uma pergunta talvez sem resposta te consome, e seguindo por uma verdade imaginária te perdes, cais entre as falhas desta ponte velha e sem fim. Abandonar tantos preceitos traz uma esperança de finalmente talvez encontrar um sentido para todo este redemoinho, uma morfina para um coração tão ansioso e dolorido e vida para uma razão tão vazia. Sorte para aqueles corajosos que ousam enfrentar seus medos.

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